quinta-feira, 17 de junho de 2010

Orfeu longínquo

Orfeu longínquo
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Ofélia vai derramar aqui
Através de seus versos,
as lágrimas que, pelo seu rosto,
Não podem escorrer
Porque ela choraria um mar
Poderia alagar o vasto sertão
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E por algo tão efêmero
A distância
Seu Orfeu está longe
Em paragens desconhecidas
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Ofélia está doente
Doente de amar,
falta-lhe o ar
A angústia invade-lhe a alma
Sim, Ofélia padece
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Seu sangue foi roubado
Pelo amor,
esse anjo vampírico,
Que cravou-lhe os dentes
impiedosa e selvagemente
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O amor sangrou-lhe,
Por que o amor é um deus indômito
Um deus incontrolável que bebe sangue
E que exige a seiva rubra da vida
Sempre em seu altar
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Ofélia, acorrentada e prisioneira
Da vassalagem amorosa que lhe assalta
Ela deseja derrubar-se aos pés de Orfeu
Beijar-lhe todo o corpo desnudo
Vasculhar-lhe a alma...
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Ah, Ofélia!
Dama que tem seu amor
Fadado ao fracasso
Ofélia banhada em pétalas de rosas mortas
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Mas sossega-te, ó coração em agonia
Deixa a paz invadir-lhe o âmago
Porque Orfeu volta, nem que seja na última hora
Nem que seja para olhar-te nos ohos no adeus final.

Um comentário:

  1. "Mas sossega-te" - isso foi um conselho muito benvindo para esse "tema".

    Amo-te menina de terras distantes.

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